Será que mãe precisa ser só uma mesmo? Ana Salton e a Francieli Maria do instagram @mãeaquitemduas são mamães do pequeno Miguel de dois anos e nove meses. Juntas há 10 anos e casadas há cinco anos, elas optaram pela adoção após muito tempo de preparação.
“Do momento em que começamos a entender e pesquisar sobre o assunto, até a adoção de fato, passaram-se dois anos. Até porque, tínhamos na nossa cabeça que precisávamos de uma estabilidade financeira. Não somente no trabalho, mas um local ideal para a criança”, diz Ana.
Além de todo o amor e disposição necessários para dar uma nova família a uma criança, são exigidas etapas burocráticas.
“Primeiro entregamos a documentação e passamos pelo GRAATA (Grupo De Apoio a Adoção Ato De Amor) - os seis meses obrigatórios de reuniões com o grupo, depois nós passamos por uma equipe multidisciplinar, com psicóloga e assistente social que avaliam os adotantes”, explica Ana.
“Em Três Lagoas não sofremos nenhum preconceito dentro do fórum por ser um casal homoafetivo, a equipe técnica é muito competente, são profissionais e fazem a adoção acontecer! Mas falamos pelo município, sabemos que há cidades que não são assim”, completa.
Ana e Fran mudaram para um novo cantinho para receber o Miguel, decoraram o novo quarto, compraram brinquedos e ficaram ansiosas para finalmente receberem o pequeno em casa.
Conforme Francieli, toda essa preparação se assemelha ao período de gestação. “As pessoas colocam a adoção como algo muito difícil, mas não é. Todo este processo é como um pré-natal. Não é necessário ir ao médico todo mês durante a gravidez? É parecido com ir ao fórum e participar das reuniões”.
Para elas, a espera seria no mínimo seis meses, porém, em um mês ele chegou aos braços das mamães. “No primeiro dia em que finalmente o vimos, ele estava dormindo. Ficamos com ele uma hora. Até levamos um brinquedinho, que virou nossas tatuagens para representa-lo”, diz Ana.
Miguel nasceu para elas com um ano e seis meses no dia 25 de abril de 2019. “A partir deste dia iniciamos nossa jornada como mães. Nossos dias se preencheram, novos desafios e novas lutas surgiram”.
Além da adoção, o casal também se preparou para lidar com o preconceito.
“Nós já nos preparamos há um longo tempo para saber lidar com o preconceito, tanto relacionado a dupla maternidade quanto ao fato de sermos lésbicas. É importante para casais LGBT terem noção de que o mundo não será “Ok” sempre, é importante nos prepararmos e preparar os filhos. Tem pessoas que tem ódio por ódio...E é isso! A gente luta a todo o momento para esse tipo de pessoa não ter espaço para falar. Mas não tapamos o sol com a peneira, mostramos a realidade e falamos a todo momento ao Miguel “Você tem amor aqui, ele existe, e nós somos uma família””.