A matéria de capa deste sábado tem um sentimento familiar e de nostalgia para este colunista. Bati um papo cheio de saudade com a minha amiga querida, grande professora de língua portuguesa e inglesa, minha atual companheira de Rotary Club (grande presidente também) - Prof. Dora Lúcia Zuque Nunes. Falamos um pouco da sua carreira, dos velhos tempos, dos desafios da profissão e dos sentimentos mais gratificantes.
Fala um pouco sobre você e como tudo começou?
Sou Dora Lúcia Zuque Nunes, professora de Português e Inglês. Graduada em Letras e pós-graduada em Linguística.
Comecei a dar aulas aos 17 anos, ainda cursando o Magistério. Gostava muito de Inglês e fazia cursos particulares por minha conta. Eu era uma aluna nota 10 nessa matéria, e meu professor, o “Mister John” (Padre João Thomes), me convidou para dar aula no Patronato que era a escola dos padres na época. Fui mandada para o Rio de Janeiro para fazer um curso audiovisual do CCAA e passei no teste final desse curso com nota 9,8. E foi assim que comecei minha jornada de professora - dava aula para alunos de 14 e 15 anos, adolescentes como eu.
Naquela época (1972), o importante era o que você sabia, muitos professores não eram formados e eu continuei estudando enquanto trabalhava.
Em quem se inspirou para ser educadora?
No começo eu queria ser aeromoça, para dar a volta ao mundo e foi o que me levou ao Inglês, mas conforme o tempo passava, algumas professoras me inspiraram e cativaram com seus conhecimentos e maneiras de agir: D. Sálua, professora de História - que ensinava como se estivesse contando uma história da vida real com todos os pormenores e a sala toda ficava em silêncio.
D. Ana Maria, professora de Geografia - que tinha uma memória fotográfica para nomes e lugares que eu mal conseguia repetir, falava como se fosse a coisa mais fácil do mundo, e nos encantava.
E Terezinha, professora de Ciências - séria e compenetrada, desvendando os mistérios do corpo humano para nós, adolescentes ávidos de saber sobre os assuntos proibidos em casa, que ela sabia esclarecer tão bem.
Mas a que mais me influenciou foi a D. Silvia Perón, com seu jeito educado, elegante e meigo de ser. Ensinava o Inglês de uma forma simples e prática e a gente aprendia. Eu resolvi que queria ser como ela, então escolhi o curso Normal, que me levaria ao Magistério, ao invés do Científico, que na época, preparava para as faculdades de Exatas.